Oi pessoal, estou de volta trazendo um tema que com certeza é de interesse de muita mulher que vive ou está a caminho da Irlanda: Gravidez.
Como já comentei no meu primeiro post, cheguei na Irlanda grávida. Estava de aproximadamente 7 meses quando pegamos o avião e em Dublin aterrissamos. Muita gente dizia que eu era corajosa, doida de ir pra um país desconhecido, grávida! Eu pensava diferente, eu pensava “Bom, Irlanda, primeiro mundo, acho que vou estar bem assistida na gravidez”. E foi isso mesmo, gostei muito do pré-natal aqui e vou compartilhar com vocês como foi até o nascimento do meu pequeno Felipe. Separei este tema em três parte, pois é muita informação e assim consigo detalhar melhor cada etapa. Este primeiro será sobre o pré-natal, o próximo sobre o parto e finalmente o pós-parto.
Primeiro vou explicar como funciona o sistema de saúde aqui de uma maneira geral. Há duas formas para se utilizar o sistema de saúde: público ou privado, assim como no Brasil.
Porém, diferentemente do Brasil, aqui na Irlanda, você tem um médico que cuida da sua saúde como um todo. Eu diria que é uma mistura de clínico geral e geriatra, mas não para idosos, seria um médico da família para todas as idades, do bebê ao idoso. Este médico nós chamamos de GP (General Practitioner), e é ele que cuida de você em todas as situações, incluindo a gestação. E como funciona?
Vou contar como eu fiz e achei que foi um bom caminho. Primeiro definimos onde iríamos morar e a partir daí fui buscar o tal GP próximo à minha nova casa. Encontrei uma clínica a 5 minutos a pé e foi ali que comecei meu pré-natal.
Agendei a consulta e lá fui eu descobrir como tudo iria funcionar. Na primeira consulta, o médico quis entender como eu estava até o momento, saber se tinha feito acompanhamento no Brasil, ver alguns exames que eu trouxe, ultrassonografias e me pediu um exame de urina que ele colheu ali mesmo na hora e este exame seria feito em todas as consultas.
Em seguida, me explicou que eu poderia escolher qualquer hospital que eu quisesse para o parto, mas que na opinião dele, eu deveria ir no mais prático, no de mais fácil acesso pois o pré-natal seria combinado, ou seja, visitas ao GP e ao hospital. Ele me recomendou o Rotunda Hospital, porém eu havia pesquisado algumas opções em comunidades de mães brasileiras no facebook e estava tendendo para o Coombe pois ele seria a única opção para parto na água, e eu me interessava por isso. Entretanto, o meu GP disse que havia pouca disponibilidade das banheiras e que nem sempre era possível conseguí-las, já que o parto normal você não tem como agendar e então, estas banheiras poderiam estar ocupadas quando minha vez chegasse. Resolvi, portanto, que ficaria no Rotunda. Não conhecia nada aqui, seguir a recomendação de um médico me parecia uma boa ideia.
Ele também me explicou que na Irlanda todas as maternidades são públicas, isso mesmo, todas! E por isso, ele não vê muita diferença entre elas, quase que um padrão de atendimento para gestantes. A única coisa é que se você tiver um private healthcare, ou seja, um convênio médico, você pode utilizá-lo para ter um pouco mais de “conforto” e privacidade, tanto no pré-natal quanto no pós-parto. Vou explicar melhor daqui a pouco.
Uma informação importante é, que diferentemente do Brasil, na Irlanda os partos são na sua maioria normal. Cesárea somente no caso de necessidade, por alguma dificuldade, saúde da mãe ou do bebê. Enfim, você não “escolhe” se quer ter um parto normal ou cesárea. É a gestação em si que define. 🙂 Conheço brasileiras que tiveram partos normais e brasileiras que passaram por cesárea e todas elas dizem que tiveram um bom atendimento e uma boa hora.
Continuando, com a definição do hospital, ele fez uma carta me direcionando como paciente ao Rotunda. E então eu teria que levar esta carta até o hospital para iniciar o pré-natal. Me deu também um material com algumas recomendações para a gestação e com as prováveis datas das consultas no hospital e no GP. Mais ou menos 1 consulta por mês, sendo intercaladas entre GP e hospital. Conforme o parto se aproximava, a frequência das consultas aumentavam, passando a ser a cada 2 semanas mais ou menos.
Lá fui eu ao hospital com a carta e fui entender as duas possibilidades de atendimento, público ou privado para ver se meu healthcare faria alguma diferença.
Havia 3 formas de atendimento na realidade: público, privado e semi privado. Público eu não pagaria nada, todas as consultas no hospital, ultrassonografias, exames, cursos para gestante e o parto seriam de graça, o governo é o responsável por 100% dos gastos das gestantes1. O semi privado e o privado é uma mescla de privado e público. Como assim? As consultas e o pós-parto são particulares, e em geral cobertos integralmente ou parcialmente pelo healthcare, dependendo da sua cobertura. No caso, a diferença das consultas do pré-natal do público e privado, é que no público você não tem um médico fixo, você recebe uma carta2 do hospital com a data e hora da consulta e cumpre. No privado e semi privado, você tem mais liberdade de horários, você mesma agenda a consulta e o médico, em geral, é o mesmo do início ao fim. Além disso, no privado e semi, os horários são cumpridos, você será atendido no horário marcado, há pouco atraso. No público, isso pode ser mais demorado, você pode passar algumas horas esperando o seu atendimento. Outra diferença é o pós-parto, o quarto onde você ficará com seu bebê. No público você divide o quarto com umas 8 pessoas, depende de hospital para hospital, no semi privado você divide com outras 3 ou 4 pessoas e no privado, você tem seu próprio quarto.
Eu escolhi o semi privado, pois eu não teria praticamente nenhum gasto, meu convênio cobriria quase tudo e como eu já estava de 6 meses, achei mais prático fazer o acompanhamento com um único médico. O privado eu teria que desembolsar muito dinheiro e não achei necessário. Se eu tivesse que desembolsar muito dinheiro no semi privado, eu iria pelo público, pois todas as meninas que conheci aqui, tiveram parto pelo sistema público e foi super tranquilo. A qualidade do atendimento, ao meu ver, indifere do público para o privado, principalmente no parto. O parto é feito pelo sistema público sempre.
Uma outra diferença que muitas brasileiras sentem entre o Brasil e a Irlanda é a quantidade de ultrassonografias. Aqui são poucas, mínimas eu diria, enquanto no Brasil, muitas de nós fazemos uma a cada mês. Como aqui a maternidade é pública, eles não desperdiçam dinheiro desnecessário. Você fará as ultrassonografias necessárias e se o bebê tiver bem e você também, serão poucas. Mas, algumas mamães gostam de ver seus bebês com maior frequência, então existe a possibilidade de se pagar para fazer ultrassons, incluindo a 3D. Isso vai de cada um. Eu não fiz nenhum por fora. Mas eu fazia ultrassom a cada consulta praticamente, pois o médico queria acompanhar o tamanho do bebê. Mas aqui nunca fiz um ultrassom 3D, sempre eram aquelas ultrassons que não dá pra entender nada, apenas borrões pretos… rsrs
Outra diferença muito legal, que realmente eu gostei, é que nas consultas, além de tratar com o médico, você passa com a midwife, a enfermeira obstetriz, as famosas parteiras. É um super bate papo, uma consulta sem pressa, eu diria. Sinceramente, gostei muito mais do pré-natal aqui do que no Brasil. Sinto que os médicos no Brasil sempre estão atrasados e correndo. Suas consultas são rápidas, muitas vezes até impessoal. Aqui não. Você tira suas dúvidas, pergunta tranquilamente, as midwives são simplesmente ótimas, muito queridas, educadas e preocupadas com a saúde da gestante, pelo menos foi assim comigo e com a maioria das brasileiras que dividiram suas experiências comigo. Elas dão ótimas dicas e sugestões para se ter uma gestação saudável, indicam cursos de pais, yoga para gestante, curso de amamentação, enfim, e muita coisa é de graça.
Eu fiz yoga para gestante aqui na Irlanda. Já fazia no Brasil e resolvi dar continuidade. Preferi fazer próximo a minha casa do que na maternidade, então paguei. Aqui tem muitos cursos para gestantes e mamães, é um mundo completo para nós grávidas! Uma delícia! Você se sente bem acolhida no país.
Além das consultas com o médico e midwife, recebi uma carta da maternidade para uma consulta com o anestesista. Compareci no horário indicado, apesar de ter atrasado bastante (esta consulta era pelo público e não na clínica privada) e fui compreender as opções de anestesia que eu teria para o parto.
Inicialmente eu não queria nenhuma anestesia, sei lá, até hoje não sei porque. Mas em conversa com o anestesista e com a midwife, eles me informaram que a grande maioria dos partos normais aqui, as mulheres tomavam a peridural (também conhecida como epidural). Cerca de 70-80% dos partos normais eram com peridural. Me pareceu interessante… Resolvi vasculhar mais sobre o assunto e soube que algumas das meninas que eu conheci aqui tomaram esta anestesia e aprovaram. Então eu estava quase decidida que meu parto não seria 100% natural, toparia uma anestesia para não sofrer tanto. Também haviam outras formas de inibir a dor, como um gás e uma injeção. Estas são formas de aliviar as dores das contrações, mas não de tirar a dor por completo. Achei muito interessante a consulta, pois eu era totalmente crua no tema. E, novamente, me entregaram materiais impressos para eu entender e tomar a decisão do que eu gostaria ou não para o meu parto.
Aí já notei o porque que as mulheres aqui na Irlanda tem tantos filhos. Você irá, com certeza, se surpreender ou até se assustar com os carrinhos de bebê de 2, 3 e até 4 lugares. Os casais aqui tem muitos filhos. Você se sente bem acolhida enquanto grávida e o sistema todo funciona sem grandes dores de cabeça e de graça! Ótimo, né?
Minha gravidez foi muito tranquila e tudo caminhava para parto normal, e assim aconteceu. Detalharei mais sobre o parto no próximo post.
1 No meu caso, tive que pagar as consultas no GP pois somente é coberto pelo governo se a gestante está na Irlanda há no mínimo 6 meses antes de engravidar. Não era o meu caso. Mas tive reembolso de grande parte do valor pelo convênio. Já o hospital, mesmo se você acabou de chegar na Irlanda, se optar pelo público, é 100% de graça. Não se preocupe.
2 Você deve estar estranhando eu escrever a palavra “carta”, mas é isso mesmo. Na Irlanda quase tudo é por carta. Quando você tem que passar por alguma consulta, em geral, a consulta é agendada para você e você recebe a informação por correio, com data, local e horário agendados. Parece meio retrógrado, mas funciona!
Mamãe do Felipe e do Lucas, 33 anos, esposa de um lindo brasileiro, ama gatos, administradora e pós graduada em negócios internacionais, comunicativa, objetiva e… apaixonada por mudanças!!!
Uma frase: “Que? Mudou os planos? Vamos que vamos!”
Viver novas experiências, conhecer novos sabores, lugares e pessoas são as coisas que a faz mais feliz!
Show!!! Quero engravidar na Irlanda tb!
Kkkkkk
Brincadeira 😜
Me avisa quando sair o próximo…
Hahaha boa!
Segue a fanpage do blog http://www.facebook.com/blogfamilianairlanda que a cada novo post, eu informo lá! 🙂
Beijos!
Adorei Ma, da ate uma vontade de pegar um aviao com mudança feita antes da visita da cegonha viu… tudo muito pratico, explicadinho, obvio até… show! Adorei o post!
Venha! Vamos morar em mais um país juntas! O que acha? Rsrs só não vai rolar dividir quarto! Rsrs
Meu Deus, se já está acontecendo vontade de ter outro baby, ela só aumentou agora rsrs… espero que tudo dê certo para minha família
Hehe! Que venha mais um baby!! E estou na torcida para que dê tudo certo e logo!
Meu marido esta trabalhando na irlanda a 3 meses.
Estou gravida de 5 meses.
Quero me mudar para la.mes que vem.
Sera que posso ir.
E no hospital posso ganhar nenem normal.
Ou terei de pagar.?
Olá Bruna, mil desculpas pela demora. Mas estou no Brasil de férias com os bebês e está uma correria.
Bom, o seu caso eu não sei ao certo, pois não me disse se seu marido é cidadão europeu ou está com visto e que visto de trabalho.
Precisa saber se ele pode já levar a esposa, pois tenho recebido uns contatos dizendo que se não for o critical skills visa, tem um prazo para a família poder ir que aparentemente tem relação com o tempo de “experiência” (probation), do contrato de trabalho. Se ele for cidadão com certeza você pode ir a qualquer momento. Eu mesma, conforme contei, cheguei na Irlanda grávida de 6 meses e meu marido ia ainda começar a trabalhar. Chegamos dia 5 e ele começou a trabalhar dia 9, apesar de já ter o contrato em mãos. Já se seu marido não é cidadão, mas tem critical skills visa, você também pode ir, pois tenho vários amigos nesta condição. Agora se não estas condições, não sei dizer, precisam consultar o INIS sobre sua entrada na Irlanda. Porém, fazer o pré-natal e o parto, você não terá problema nenhum. Você não precisa apresentar nenhum visto na maternidade. 🙂
Espero ter ajudado. Muita saúde para você e para seu baby!