Férias no Brasil: Como foi voltar pela primeira vez?

Este tema está guardado nos rascunhos desde que voltei de férias do Brasil em novembro de 2017. Acho que passou da hora de tirá-lo da minha lista de pendências. rsrs Estou na reta final da minha gravidez e minha ausência aqui no blog tem total relação com isso. Cuidar de um bebê de 1 aninho e carregar um outro na barriga e dar conta da rotina de casa sem ajuda da família (que está bemmm distante) acaba tomando bastante do meu tempo e ânimo. Por isso, tento não me cobrar, mas sinto falta de verdade de escrever aqui.

Então chegou a hora de falar o que senti, o que vi, o que notei que nunca havia notado antes, nesta primeira visita ao querido Brasil, após quase 1 ano de Irlanda.

De volta à origem: Férias no Brasil uhuuuu

Depois de 10 meses na Irlanda, era hora de voltar ao Brasil de férias e levar o baby que nasceu na Irlanda, para conhecer toda família. Avós, tios, primos, amigos, todos ansiosos para conhecer o Felipe. Na realidade, acho que ninguém esperava por mim ou pelo meu marido, os olhos estavam todos voltados ao Felipe! rsrs

Voamos de Turkish Airlines, num vôo com conexão em Istambul e aproveitamos para tirar uns dias de férias pela linda Turquia. Tivemos uma aventura e tanto com nosso bebê de 6 meses. Vou falar mais desta viagem em um post em breve. Mas em resumo, passamos por Istambul, Capadócia e Pamukkale, além de outras cidades menos conhecidas mas tão interessantes quanto.

Após nos aventurarmos pela Turquia, desembarcamos em Guarulhos e nossa família já estava de plantão por lá. Que emoção!

Quando vi meu pai, meu coração disparou de tanta alegria, ele não conhecia o Felipe e veio todo feliz ao encontro dele. Minha mãe tinha ficado comigo aqui na Irlanda por mais de um mês quando o Felipe nasceu, então ela já o conhecia. Todos estávamos muito emocionados e não me contive, soltei boas lágrimas de felicidade! 🙂 Como bons brasileiros expressamos toda nossa emoção e não tem nada mais gostoso!

Meus sogros e meus cunhados chegaram pouco depois, pois como imaginado, trânsito parado nas Marginais… E de novo, mais emoção, Felipe recebendo todo amor do mundo de uma só vez!

Hora de enfrentar o trânsito

Bom, saindo do aeroporto seguimos para a zona sul, onde minha sogra mora. Fomos todos para lá, primeira noite merecia uma pizza paulistana!!! Que saudade!

Lógico que o primeiro impacto foi o trânsito da Marginal, continuava igual… Eu morando numa cidade pacata da Irlanda, chamada Donabate, quase nunca enfrento trânsito. Poucas vezes tenho que ir ao centro de Dublin em horário de pico e ainda assim, é um tanto quanto mais suave.

O problema de São Paulo não é o trânsito somente, ficar parado junto aos carros, é o stress que vem junto… Os motoqueiros passando nos corredores como se não houvesse amanhã, os motoristas estressados uns com os outros. Aquela coisa de você dar seta e o fulano simplesmente, por pura infelicidade, não deixar você mudar de faixa. É um mau humor intrínseco, a gente quando está no meio, vivendo aquilo, nem nota. Mas quando você sai disso e volta, você leva um susto.

Outra coisa que eu não havia me dado conta é quanto São Paulo é barulhenta! Assustador. O Felipe levava cada susto no carro com as motos aceleradas, as buzinas, os caminhões. Na realidade, nem sei se ele já havia visto moto antes na vida. rsrs Na Irlanda são pouquíssimas, talvez pelo frio, chuva, poucos animam sair de moto. Mas, por outro lado, na Irlanda tem muita bicicleta, então talvez a questão não seja o frio ou a chuva, talvez seja a preferência mesmo ou necessidade.

Ah, e os odores que nos cercam nas Marginais principalmente? São os caminhões fumegantes, o rio que no calor sobe o cheiro, os escapamentos “estourados” de carros velhos… Uma enorme poluição. Enfim, São Paulo cheira… E não é bom! rsrs

Algo que conclui sobre o trânsito paulistano é que a gente quando vive no meio não repara como que o dia a dia em São Paulo é bem estressante e poluído. Por isso, tantas vezes você chega em casa sentindo aquele peso, cansaço. Tenho certeza que não é só o trabalho ou os estudos, e sim, ficar parado no trânsito, aguentando mau cheiro, o mau humor alheio, falta de respeito e cidadania e o enorme barulho. O cérebro deve pifar!

Culinária… yamiiiii

Além da saudade da nossa família, estávamos morrendo de saudades dos maravilhosos restaurantes que temos no Brasil. Queríamos comer tudo o que não comíamos aqui na Irlanda há tempos. A nossa maravilhosa pizza, um delicioso rodízio japonês, a irresistível comida árabe e o nosso favorito fondue do Chalezinho… Olha, não tem igual!

Não é nem justo comparar São Paulo e Dublin neste quesito. Coitada de Dublin, fica muito atrás!!! Estou falando em sabor, diversidade, quantidade de restaurantes. Falando em serviço é diferente, mas não diria que pior ou melhor.

Serviço

Notei que no Brasil somos “servidos” o tempo todo, mas pagamos bem caro por isso. Você vai num restaurante e na grande da maioria das vezes quase não se espera para ser atendido. Tem um monte de garçons e quando demora um pouquinho, botamos a boca no trombone! Reclamamos pra todo mundo e no final dizemos que não vamos dar gorjeta porque o atendimento foi ruim. Aqui na Irlanda é tudo muito mais lento. São menos garçons no geral e muitas vezes, é você que tem que ir no balcão pedir e depois aguardar a refeição à mesa.

Pensando como consumidor, é muito melhor no Brasil. Você se sente o rei e este é o seu momento de curtir. Mas pensando no empreendedor, no negócio em si (por eu já ter tido restaurante, eu sempre penso nisso rsrs), o restaurante, com certeza, consegue ser mais lucrativo aqui na Irlanda do que no Brasil, já que o custo com empregados é menor. Ou também podemos dizer, que o salário mínimo aqui na Irlanda é maior, o que dificulta você ter muitos funcionários. Já no Brasil, o salário base é mais baixo e com isso, tudo que é forma de serviço é mais acessível.

Confesso que no começo aqui na Irlanda, eu tinha que respirar fundo pra não ir correndo no balcão fazer o pedido, já que o garçom demora demais (no geral). Hoje já me acostumei e até aprendi a ser mais paciente. 🙂 Masssss, adorei ser servida aí no Brasil. Por isso, não sei se egoisticamente falando, eu prefiro o Brasil no quesito restaurantes!

Estrutura para Bebês

Ah, agora como mamãe, reparo muito na estrutura dos locais para receber os lindos bebês. Os restaurantes tanto aqui na Irlanda quanto no Brasil são super preparados para os babês. Normalmente tem espaço para trocar criança, cadeirão etc. Então neste quesito estão empatados. Assim como shoppings.

Já pensando em vida ao ar livre, que agora estou super acostumada e amo, senti muita falta no Brasil. No Brasil, somos acostumados a ficar mais em casa, no máximo no quintal da casa ou no parquinho do prédio. Senti falta de praças e parques para caminhar com o Felipe. Isso realmente faz diferença. Senti que ele se sentia muito preso.

Está bem, alguns podem dizer “Temos o Museu do Ipiranga, o Parque do Ibirapuera etc”. Sim, mas eu não estava com carro e andar pelas ruas para pegar ônibus com carrinho de bebê não era algo muito palpável. Precisávamos ter praças para você curtir o dia perto da sua casa. Ou ao menos que as calçadas fossem preparadas para um carrinho de bebê e assim você dá uma caminhada, toma um ar. Fica muito a desejar. Me senti presa muitas vezes entre casa e carro.

Dia a Dia

Nesta ida ao Brasil, redescobri como a vida do paulistano é agitada e ocupada. Como é difícil organizar as visitas e encontros, as pessoas sempre estão ocupadas! rsrs

Ficamos hospedados nos meus sogros e nos meus pais, mas, óbvio, eles tinham que continuar a vida deles normalmente. Ninguém poderia se dar ao luxo de parar e ficar com a gente. Todos temos contas a pagar.

Notei que aqui na Irlanda, o nosso dia é mais “proveitoso” no geral. O nosso dia de trabalho é mais curto e conseguimos curtir bem o fim do dia, principalmente quando temos visita. Em São Paulo, infelizmente, durante a semana, os dias são quase perdidos. Pois, além das longas jornadas de trabalho, há o trânsito e quando vamos ver, já são 20h que é hora do Felipe dormir.

Estávamos desacostumamos com isso, pois no geral, Daniel chega em casa todo dias às 17h (já que ele vem de trem). Vivemos uma rotina com uma “noite” longa e quando chega 22h, já estamos satisfeitos e podemos deitar e descansar. Em São Paulo isso era bem diferente. Não tínhamos muito como aproveitar amigos e familiares durante a semana, já que todos estavam nas suas rotinas puxadas e tínhamos que respeitar o horário do bebê. Então no final, aproveitamos mais os fins de semanas para encontrar amigos e familiares.

Festa!!!

Isso é coisa que sabemos fazer e muito bem! Durante as nossas férias no Brasil, aproveitamos para batizar o Felipe e preparar um churrasco bem brasileiro e também tivemos casamento de um casal de amigos.

Que delícia estar com amigos e familiares celebrando e comemorando.

Com certeza, morar distante das pessoas que amamos nos impede de estar presente em alguns eventos. Ano passado tivemos casamentos de primos que, infelizmente não pudemos ir, festa do 1o aninho da nossa afilhada… Isso nos parte o coraçaõ. Mas, tentamos ao máximo usar das tecnologias para estarmos um pouco mais próximos nestes momentos. E quando realmente estamos presentes, tentamos aproveitar ao máximo e curtir de corpo e alma todos que amamos.

Então no quesito festas, eu só posso dizer, brasileiro não tem igual!!! Sempre fará falta!

Custo de Vida

Bom, isso a gente não precisa morar fora para notar o quanto as coisas estão caras no Brasil. Mas, quando se está fora, a gente enxerga ainda mais.

Tivemos que ir ao mercado comprar coisas de bebê para o Felipe, como papinha, fralda, lencinho umedecido. Gente!!! Além de poucas opções, é tudo muito caro. Ainda bem que levei muita coisa daqui e só tive que repor. A Irlanda não é barata, eu particularmente não acho, mas quando comparado ao Brasil, é bem mais barato. Na realidade, a palavra é, mais acessível!

Padarias, queríamos tomar café da manhã na padaria, mas notamos que nos tornamos mais mão de vacas ou talvez conscientes de que dinheiro não nasce em árvore. Então fomos pouquíssimas vezes. Comer em restaurante também… Caro… Tudo muito caro!

Resumindo, a Irlanda não é barata, mas o Brasil é mais caro, mesmo quando as pessoas dizem “Vocês podem, vocês ganham em euro”. hahaha Quem dera que a conta fosse essa!

Liberdade

Para fechar minha análise, não poderia deixar de citar o tema liberdade, aliás, sensação de liberdade. Além de dificuldade em sair por aí com carrinho de bebê por falta de estrutura básica de ruas, calçadas etc, tem algo que, infelizmente, já sentiamos quando morávamos aí, mas que agora se tornou algo que incomoda muito mais. Falo da falta de segurança e da sensação que você está sempre sob risco, como se algo fosse acontecer a qualquer momento.

Com bebê pequeno, a questão da cadeirinha me deixava com o coração na mão sempre que tinha que estacionar o carro na rua. Olhava para todos os lados, com medo de alguém aparecer e levar o carro com o bebê dentro por exemplo. Assim também era nos semáforos, que ficava olhando de um lado pro outro, nos retrovisores. Sei que muitos vão falar que é exagero, mas moro hoje num país que o nível de criminalidade é baixíssimo e o nível de segurança super alto. De acordo com o site do OECD Better Life Index, a segurança na Irlanda está em 8,8 de 10, enquanto que no Brasil estamos falando em 0,1 (pode-se dizer 0???). Nossa, esperava baixo, mas foi além do que imaginava.

Então, agora que andamos na rua sem muito nos preocupar (claro que sempre com um olho no peixe e outro no gato), não temos a sensação de que a qualquer momento irá acontecer algo.

Já no Brasil sentia muito receio e isso nos leva a nos “prender”, ficar sempre dentro de algo. E hoje para mim, nada melhor do que dar uma caminhada e ser livre para passear e curtir com minha família. E quando eu quero sair de carro também é mais tranquilo, não me preocupo se é de noite, de dia, onde vou estacionar. Não dando muita bandeira, dificilmente algo vai acontecer.

Moro hoje no piso térreo de um condomínio e qualquer um tem acesso à minha porta e à todas as janelas… Não tem portão, nem senha, nem nada. E não tenho medo.

Resumindo, é difícil não comparar e não se preocupar quando estamos de férias aí no Brasil.

Concluindo

Adorei estar no Brasil rever todos que amamos, mas esta fase de maternidade me faz querer morar na Irlanda. Não sei dizer se a Irlanda é o país que pretendo viver, envelhecer, etc, mas com certeza é um país que sou muito feliz quando penso no nosso bem estar em família, em qualidade de vida.

1 mês no Brasil e  eu senti falta da minha casa na Irlanda e da minha rotina. Senti falta de viver mais lentamente, de estar mais ao ar livre, de andar a pé e até do friozinho. Senti falta das coisas simples, que é um pouco do estilo europeu de viver. A Irlanda está me ensinando valores novos, como admirar o verde (que tem de monte), a natureza e sentir a felicidade que ela traz. Reparar nas estações do ano e ver como cada uma delas tem a sua beleza e saber curtir todas elas. Não é só o calor que é gostoso, o frio também pode ser. Enfim, acho que preciso ainda aprender muito com este país.

Brasil, você é minha origem e até minha essência, mas acho que posso dizer que sou do mundo e ainda tenho muito para viver por aí antes de voltar à terra natal!

Espero que tenham gostado do post. Comentem, critiquem, elogiem e também se quiserem, deixem uma sugestão de tema que vocês tem curiosidade sobre a vida na Irlanda.

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3 Replies to “Férias no Brasil: Como foi voltar pela primeira vez?”

  1. Patrícia Lins de Oliveira Souza says: Responder

    Muito fofo o trecho abaixo Má! Muito gostoso ler sobre seu crescimento e a maturidade conquistada!😍
    Detalhe: também sou mão de vaca! Kkkk, Sp cobra um preço muito alto para viver! Estou amando o interior q tem bastante desse jetinho gostoso que vc vive na Irlanda!
    “Senti falta de viver mais lentamente, de estar mais ao ar livre, de andar a pé e até do friozinho. Senti falta das coisas simples, que é um pouco do estilo europeu de viver. A Irlanda está me ensinando valores novos, como admirar o verde (que tem de monte), a natureza e sentir a felicidade que ela traz. Reparar nas estações do ano e ver como cada uma delas tem a sua beleza e saber curtir todas elas. Não é só o calor que é gostoso, o frio também pode ser. Enfim, acho que preciso ainda aprender muito com este país ainda.”
    Abraço!
    Patrícia L Oliveira

  2. Sonia Maria says: Responder

    Maria Helena, adoro seus posts 🤗🤗🤗🤗

  3. JULIANA M M ASSREUY says: Responder

    Demorei a aparecer por aqui, vida quase de paulista! ahaha … Mas amei o texto, sua forma de conta as coisas simples de cá e de lá. Show. Eu concordo em tudo com você e tenho certeza que mesmo que um dia vc volte a Terra Natal, seus olhos e suas atitudes serão diferentes e farão voce se sentir diferente. Adorei! Beijos a todos.

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